Os avós foram buscá-la à escolita, mais cedo do que o habitual, e como tal, chegaram a nossa casa com tempo de ela ainda ir à piscina um bocadito, no final da tarde.
Mal chega a casa, com a pressa, tira a roupa e vai para a água, mesmo sem fato de banho ou biquini, e vai a minha mãe procurar algo para lhe vestir.
Não encontrando, diz ao meu pai, que estava junto da S.:
- Pergunta à S. onde posso procurar o biquini dela.
O meu pai:
- Onde é que a avó pode procurar o teu biquini?
S. - Ela que procure em todo o lado que em algum sítio há-de encontrar!
Na manhã do último sábado de férias (sim, eu sei, tecnicamente o sábado já não faz parte das férias mas...) rumei, sozinha, à Feira do Livro do Porto.
A S. ficou com os meus pais, o marido tinha coisas a fazer nos escuteiros e eu aproveitei o momento para algo que me faz feliz: livros.
Cheguei lá pelas 11:05, mesmo na abertura. Queria ver aquilo com calma, sem montanhas de gente a vaguear pelos stands. E, mais ou menos, assim o consegui.
A manhã estava quente mas, nos Jardins do Palácio de Cristal, há sempre frescura e por isso, as condições estavam excelentes.
Espreitei todos os stands, demorei-me um pouco mais nos alfarrabistas à procura de super oportunidades, mas vim "carregada" de livros infantis, esssencialmente. Extraordinariamente, custa-me gastar dinheiro em livros para mim, mas para a S. nem tanto.
Comprei duas coleções de pequenos livros: uma com histórias de princesas, outra com histórias de animais. A primeira com 50% de desconto, a segunda com 30% (mas esta tinha mesmo de ser que é para devolver, em bom estado, a quem nos emprestou em tempos esta coleção).
Depois encontrei 2 livros que me pareceram muito interessantes a excelente preço - um a 2,00€ e outro a 2,50€.
E trouxe o novo livro do Cuquedo, que não resisti (adoro o primeiro), mesmo só estando com 20% de desconto. Vale que me ofereceram 3 pequenos livros aquando desta compra! :)
Para mim, trouxe apenas uma edição de Mensagem, de Fernando Pessoa. Nunca li nada de Fernando Pessoa (shame on me, I know), a edição é linda e estava a um preço maravilhoso, logo uma oportunidade a não perder.
Não encontrei nada mais que achasse que valia o gasto do dinheiro. Ou melhor, nada que estivesse a preço que me apetecesse gastar.
Do que me arrependo afinal?
1. De não ter trazido mais exemplares daqueles livros infantis que estavam ao preço da chuva. Dariam excelentes presentes para os aniversários de amiguinhos da S. (na 2ªf já havia, na sua caixinha na escola, um convite para uma festa para este sábado).
2. De não ter trazido mais exemplares do livro de Fernando Pessoa. A 5€ cada um, com a apresentação que tem, seriam também belas opções de presentes para o Natal.
Foi uma oportunidade perdida... mas pronto, outras surgirão.
Depois d'O Voo da Cotovia, li, praticamente de rajada, dois pequenos livros:
* O Pai é Top, de Marco Piangers - simples e relaxado, sem lições de moral, apenas notas da vida deste homem que se maravilhou com a parentalidade.
e
* História de um caracol que descobriu a importância da lentidão, de Luís Sepúlveda - há muito que não lia nada deste autor que tanto me encantou durante uns tempos. A dada altura, cansei-me um pouco da sua escrita, mas ao ler este pequeno livro recordei-me porque gostava de o ler. Um livro muito interessante que nos alerta para como é importante não vivermos a correr e aproveitarmos, lentamente, o que a vida nos dá.
Depois destes, veio a minha primeira re-leitura: O Fio da Navalha, de Sommerset Maugham.
O livro é muito bom, adorei voltar a lê-lo (muito embora tivesse sido quase como uma primeira vez... só tive luzes de já ter lido aquilo em uma ou duas passagens) mas admito que não me fascinei com ele como tinha ideia de ter fascinado na primeira vez que o li. Com outra idade (li-o inicialmente com uns 17 anos, talvez), a abordagem ao budismo e as suas lições de vida tiveram, certamente, um impacto bem diferente na minha mente.
Não obstante, é um livro que recomendo vivamente. As personagens são extraordinariamente bem construídas, o tecer da história muito bem conseguido... Não há como não ficar fascinado com Larry e o seu percurso de vida!
Aproveitando o ritmo, mal terminei este, peguei em Antes de Sermos Vossos, de Lisa Wingate. Desde que li a crítica da Magda, que fiquei com o bichinho para o ler. Encontrei-o a bom preço no OLX e há já uns tempos que estava na estante a pedir para lhe pegar.
O livro é, de facto, arrebatador. Deixa-nos a pensar, faz-nos sofrer, obriga-nos a questionar a humanidade de alguns humanos. Foi inevitável, sendo mãe, sentir o coração apertado só de imaginar a dor passada por aquelas mães e pais a quem os filhos foram roubados.
É um livro extraordinário, muito bem escrito, com uma história (quase) inacreditável. (pensar que há, neste mundo, quem seja capaz de fazer tanto mal a crianças)
A viagem aos Açores (ai, levem-me para lá já outra vez, please) foi feita em conjunto com um pequeno grupo de escuteiros, de que o marido é chefe.
Quatro jovens - 3 raparigas e 1 rapaz - entre os 19 e os 22 anos. Simpáticos, educados, bem dispostos, foram uma excelente companhia e brincaram imenso com a S., tornando os dias mais fáceis e ligeiros.
Das conversas e do convívio ao longo dos dias, apercebo-me que:
* A mãe de uma delas tem 38 anos (mais nova que eu), a mãe de outro tem 45 (apenas 4 anos mais velha que eu)... e cai-me a ficha: eu podia ser mãe daquela gente, mesmo sem me sentir com idade para ter filhos daquele tamanho!!!
* Uma delas segue mais de 4000 perfis no Instagram e tem mais de 2000 seguidores. Outra "lamenta-se" que está nos 999 seguidores, que só lhe falta 1 para chegar aos 1000. Segue mais de 2000 perfis no Instagram. Passam a vida com o telemóvel na mão a tirar fotos e a publicar no Insta (como lhe chamam) e deslizar o ecrã para acompanhar os perfis que seguem. Comentam a vida de pessoas que não conhecem de lado nenhum como se fossem amigos desde a infância (a Maria qualquer coisa que foi mãe e que engordou imenso e que era muito magra mas agora não está a conseguir voltar ao sítio, mais o bebé de não sei quem que é super fofo,...). Sério?? Há tempo para seguir tantas pessoas e marcas no Instagram? É assim tão importante esparramar a vida toda em imagens para desconhecidos verem e comentarem?
Não me imagino de todo a ter um filho daquela idade, acho-me, sinto-me mais nova que isso mas sei que biologicamente era mais que possível.
Por outro lado, não consigo minimamente perceber este fascínio pela exposição da imagem, esta dependência do mundo virtual, esta necessidade de validação externa, esta obsessão pela vida alheia...
Cheguei ao fim da viagem com a sensação de que ou sou/estou velha ou sou uma old soul.
Sinto que preciso pôr aquele peso por escrito, "gritá-lo" ao mundo, para dele me inteirar verdadeiramente e começar a fazer, agora a sério, algo em relação a isto.
Desta vez, planeio uma nova abordagem. Tenho uma consulta marcada para depois de amanhã que será o início desse processo. Virei cá falar-vos sobre isso lá para finais de Outubro, altura em que conto ter já dados e resultados para poder falar melhor sobre o tema.
Não sei se tenho já a cabeça preparada para este processo, mas sei que a cada dia odeio mais o que vejo no espelho, odeio como me sinto, odeio ter retornado a um peso que disse que não voltaria a ter nunca mais.
Há 14 anos que não pesava tanto.
Gosto muito do número 77, é o ano do meu nascimento, mas não quero voltar a vê-lo nunca mais na minha balança!